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anatomia

da boneca

A surpresa ao começar o processo de dissecação do corpo feminino foi não encontrar vísceras e sangue, mas outras mulheres, imagens e comportamentos. Aqui o feminino não é ser geneticamente mulher, mas uma construção de comportamento definida pelo cenário de cada cultura social e estética. O feminino se dá por ação, ou seja, uma construção, em última análise, performática. Anatomia da Boneca, estreado em 2010, é a viagem através destes comportamentos-fantasmas encontrados nesta cirurgia sensível, uma devolução pública da matéria pública que os forma. Judith Butler, no livro Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity, estabelece interlocuções com diferentes autoras, entre as quais destaca-se Simone de Beauvoir. No debate com a escritora, Butler indica os limites dessas análises de gênero que, segundo ela, pressupõem e definem por antecipação as possibilidades das configurações imagináveis e realizáveis de gênero na cultura. Partindo da emblemática afirmação “A gente não nasce mulher, torna-se mulher”, Butler aponta para o fato de que “não há nada em sua explicação [de Beauvoir] que garanta que o ‘ser’ que se torna mulher seja necessariamente fêmea”. 

ficha técnica

Criação: Andressa Cantergiani e João de Ricardo

Direção: João de Ricardo

Performance e dramaturgia: Andressa Cantergiani

Direção, vídeo ao vivo e dramaturgia: João de Ricardo

Criação de videos: Fernanda Ferretti, Lívia Massei, Andressa Cantergiani e João de Ricardo

Criação de luz: Carina Sehn

Figurino: Andressa dos Anjos

Próteses corporais: Cisco Vasquez

Preparação e Orientação de Movimento: Evandro Pedroni

Espaço e adereços: Andressa Cantergiani e João de Ricardo

Trilha Sonora: Barracuda Project – Eduardo Norman e Mariane Kirsch

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